top of page

Quando o chuveiro vira um elo

  • João Paulo Guma
  • 15 de nov. de 2013
  • 3 min de leitura

Quis nem saber. Excluí. Foda-se. Não bloqueei porque aí já seria donzelice demais.

Mas mesmo no Facebook ela me fazia falta. Tudo o que eu postava era direta ou indiretamente para ela. Ou pra causar ciúmes, ou pra trazê-la ao meu colo paulatinamente.

Só que ela tava foda. Dizendo na minha cara que tava afim de um boy magia comprometido. Que entre a gente ia só rolar amizade. Como é que ela diz que quer ser minha amiga sem mencionar pagar minhas bebidas nem arranjar umas gatinhas pra mim? Amigo bom é amigo pra essas coisas.

O fato é que fiquei mal. Não dormi, me xinguei, não aceitei a separação. Tudo que eu mais queria era o cheirinho daquela que eu nunca havia cheirado, o beijinho daquela que eu nunca havia beijado, e aquele acochinho gostoso daquela que eu nunca havia acochado.

Toda essa viagem era oriunda de apenas uma semana de conversas virtuais, realizadas sempre entre 9 da noite e 2 da manhã. Ou seja, eu tinha conseguido ser doente o suficiente para me apaixonar e me desentender com uma menina em menos de 7 dias.

O problema é que não havíamos, literalmente, nos desentendido. Apenas eu estava com o ego ferido por não termos nos acertado como futuros amantes, ou futuros amores. Tava complicado deitar e não procurá-la nos meus travesseiros, em não imaginá-la debaixo dos meus lençóis, em não comê-la todas as noites em meus sonhos.

Num desses sublimes sonhos, por sinal, estávamos debaixo de um chuveiro enorme, enquanto eu esfregava as suas costas, cheirava o seu cangote, e erguia meu pau, voluntariamente e sem usar as mãos, apenas com o tesão, para que ele, como se fosse guiado por uma luz redentora, encontrasse sozinho o caminho de sua linda buceta, lubrificada pelas mordidas que eu já havia dado em seu pescoço.

Óbvio que eu acordava ouriçado, dava uma chegada no Redtube e escolhia a primeira musa num vídeo caseiro que eu conseguia encontrar. Gozava, mas, de alguma forma, me sentia traindo-a. Faz parte da honra de uma punheta gozar pela mulher que, originalmente, levantou o seu pau. E não me venha dizer que não há honra numa bronha. Se sozinho você não consegue ser fiel, imagine acompanhado.

A questão é que havia algo de muito singelo no meu sentimento e na visão que eu tinha dela. Meu pau tem um “quê” de adolescente. Sabe quando a gente tá apaixonado pela menina mais linda da sala de uma forma que não consegue nem tocar uma? Pois era bem por aí.

Só que o mundo dá voltas, e deu. Depois do segundo dia de distância, quando eu achava que a merda já havia virado boné, vejo uma mensagem dela no meu face. Ela se diz triste por eu querer evitar o contato e diz que havia passado o dia com o pensamento em mim, só que de forma diferente. Ela passou a acreditar que talvez pudéssemos ficar juntos.

Isso me deixou bastantemente de pau duro. Na verdade, quanto mais ela falava, mais eu me excitava e quanto mais me excitava, menos eu conseguia respondê-la, pois estava digitando apenas com a mão esquerda. Talvez sentindo um delay na nossa conversa, ela decidiu ir tomar um banho e me avisar. Estava na hora de eu tomar o meu.

Ao entrar debaixo do chuveiro e ligá-lo, quase que conseguia vê-la ali, nua, com seu corpo delgado e branco, como se fosse um holograma transcendental me chamando para o prazer.

Fechei os olhos e nem precisei deixar a minha mão dormente para que tivesse a sensação de que era ela me tocando naquele banho orgasmático. Apenas inverti a pegada da mão direita e deixei fluir e, quando gozei, atingi o espelho, há quase dois metros de distância, com uma rajada espermicida que chegou a dar eco. Como eu gostaria de tê-la depositada toda nela. Era sonhar demais.

Na volta do banho, ela me apronta mais uma: diz que havia pensado em mim no banho e que isso a tinha levado a se masturbar, ou seja, ela estava me homenageando enquanto eu fazia o mesmo por ela.

Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar uma cena como essa. Ela, linda como poucas, fazendo de mim o seu tema para um orgasmo. Ou melhor, nós, à distância, transando com as nossas almas ligadas pelo poder astral de um chuveiro cachoeirante, encontrando um no outro, quem sabe, um orgasmo concomitante com sabor de reconciliação.

Isso era bom demais para ser verdade, mas óbvio que a pus de volta entre meus contatos no Facebook.

 
 
 

Comentários


Destaques - blog do João Paulo Guma
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Destaques - Palavras do Guma
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
bottom of page