Na Chuva, ao som de Lobão
- João Paulo Guma
- 29 de jan. de 2014
- 2 min de leitura

Fale da minha voz assim não, nêga… não no meio da rua!
Deixe pra falar no facebook, quando posso eretar lindamente, sem vergonha de ser feliz ao saber de teu desejo acerca de meus tons e sobretons, de todos os seus devaneios em relação aos meus sinusoidais, enquanto foco no meu tesão sobre a tua sedosidade vaginalesca.
Explico o neologismo: não há como te adentrar sem pensar em Carnaval, assim, com “C” maiúsculo, unicamente divino, monoteísta, onde toda gozada é um frevo de Capiba, um coco de Selma, uma ciranda de Lia, um maracatu de Salu, um brega de Reginaldo.
Há quem ache que também tem um pouco de animalesca, e bem (ou mal) imagino: tua vagina devora como se o outro fora a última refeição ou a primeira sobremesa, como se fosse a transcendência à beira dos lábios, grandes ou pequenos.
Sei que ela, a minha voz, é gostosa, mas eu sou mais… e você é bem mais que eu, nesse neoloirismo deliciosamente oxigenado, nesses sei lá quão poucos centímetros de altura. Você é gostosa, minha flor… você é gostosa!
Mas não fale da minha voz assim não, nêga… não no meio da rua! Deixe pra quando eu sussurrar putarias celestes nos intervalos entre as minhas lambidas em teus ouvidos. Deixe pra cama, pro sofá, pra geladeira. Deixe pra quando você estiver lavando os pratos e eu levantar sua saia ou baixar sua bermuda. Deixe pra quando eu puder ser eu e você puder ser você. Deixe de pantim!
Só num fale no meio da rua…
Senão fico assim, feito sexta, com a mão no bolso pra ninguém descobrir a pauduressência do meu ser, provocado puro’cê, sem querer comer mais ninguém, revogando minha entrada no Honorável Clube do Michael Douglas. Seja a minha Catherine, não tenho medo de câncer na garganta. Tal como tapa, DST de amor não dói! Não que eu ache que você tenha, mas se tiver, venha: eu como você e ela!
Só não fale da minha voz na rua, nem diga no face que vai sonhar comigo, isso fode a porra toda! É ejaculação precoce na certa!
Deixe pra sonhar acordada me fazendo sonhar também, sentindo cada centímetro do teu prazer, cada litro do teu amor, e cada quilowatt-hora da tua sedução nua, crua e perene.
Só não me deixe assim, como agora, te vendo como a minha pequena guerreira dourada, longe, separada de mim por essa chuva de Verão e por uma música do Lobão.








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